
Em 2011, o anúncio do Estaleiro Eisa Alagoas parecia ser o prenúncio de uma revolução econômica para o litoral sul do estado. Com promessas de 4.500 empregos diretos e investimentos de R$ 2 bilhões aprovados pelo Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante, o projeto foi vendido à população como um bilhete premiado rumo ao progresso mais o que se seguiu, no entanto, foi o maior teatro político encenado em Alagoas nos últimos anos. E o povo? O povo foi o figurante ignorado, o palhaço do picadeiro.
Antes mesmo de 2011, as obras já eram dadas como iminentes. A propaganda começou ainda em 2010, com o discurso padrão: “vai mudar a vida de todos”. Mudou mesmo para pior. Famílias venderam suas casas, terrenos, negócios. Gente simples mudou de cidade com esperança no coração e promessa no bolso. Hoje, tudo que restou foi frustração, dívidas e o silêncio de um canteiro de obras que nunca existiu.
Em 2013, o Ibama negou a licença ambiental para a instalação no Pontal de Coruripe. Alegação? Inviabilidade ambiental. A verdade? Era o primeiro indício de que tudo não passava de uma cortina de fumaça bem orquestrada, diga-se. O show já estava armado e o elenco era conhecido: vereadores, deputados, senadores, prefeito e a cereja do bolo, o então governador Teotônio Vilela Filho, atuando com maestria no papel de vendedor de sonhos.
Era ano eleitoral, e como toda boa farsa política, era preciso a sobremesa perfeita para adoçar o palanque. Aprova-se a verba, cria-se a ilusão, simula-se a esperança. R$ 2 bilhões do Fundo da Marinha Mercante foram carimbados, e com eles, o selo oficial da enganação. O projeto serviu bem ao seu propósito: gerar manchetes, votos e capital político. A realidade? Nem um tijolo foi colocado. Nem um trabalhador contratado. Nem uma estrutura construída. O maior legado do estaleiro é o vazio.
Quinze anos se passaram. O sonho virou pesadelo. E o prejuízo ficou, como sempre, para os que menos têm. O povo de Coruripe foi enganado, usado e descartado. Não há outra palavra: foi traído. Pelos políticos que juraram defender seus interesses. Pelas instituições que se calaram. Pela promessa que nunca teve lastro.
Agora, com as eleições se aproximando novamente, é hora de perguntar: qual será o novo milagre vendido no próximo pacote de ilusões? Qual será o projeto da vez um aeroporto intergaláctico? Um porto para navios invisíveis? A fábrica do futuro que nunca chega?
Coruripe merece mais que promessas vazias. Merece memória, justiça e responsabilidade. E principalmente, merece não ser mais palco do circo que se monta a cada quatro anos, onde os palhaços não são os políticos, mas nós que acreditaram neles.
por; Zé Bonitinho