Entre a cura e a marginalidade : Cannabis medicinal transforma vidas e desafia tabus no Brasil
Apesar dos avanços, o caminho ainda é cheio de obstáculos.

Durante décadas, a palavra “maconha” foi associada ao crime, marginalização e preconceito. Mas nos últimos anos, esse olhar vem mudando, especialmente graças ao uso medicinal da Cannabis sativa, planta que tem mostrado eficácia no tratamento de diversas condições de saúde. Hoje, o Brasil presencia uma transformação silenciosa, porém impactante, na vida de milhares de pessoas que encontraram na cannabis uma alternativa terapêutica segura e eficaz.
A maconha medicinal refere-se ao uso de compostos extraídos da planta – como o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC) – para tratar doenças como epilepsia refratária, dores crônicas, ansiedade, autismo, Parkinson e até câncer. No Brasil, o uso medicinal é regulamentado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde 2015, permitindo a prescrição médica e a importação de produtos à base da planta.
Para muitas famílias, o acesso à cannabis medicinal representa mais do que alívio físico: é uma chance real de qualidade de vida. É o caso de algumas, mães que tem filhos, diagnosticado com epilepsia rara. Quando começam o tratamento com o óleo de CBD, as convulsões praticamente desaparecem, segundo alguns testemunhos.
Apesar dos avanços, o caminho ainda é cheio de obstáculos. O alto custo dos medicamentos importados, a burocracia para obtenção da autorização e o preconceito social ainda limitam o acesso. Em muitos casos, famílias recorrem à Justiça para conseguir o direito de plantar a cannabis em casa e produzir o próprio remédio, o que levanta discussões sobre descriminalização e regulação da produção nacional.
Entidades médicas, associações de pacientes e até parlamentares têm pressionado por uma legislação mais abrangente e acessível. O PL 399/2015, que trata do cultivo e produção nacional para fins medicinais e industriais, segue travado no Congresso, reflexo do conservadorismo e da polarização política que ainda cercam o tema.
Enquanto isso, a ciência avança. Estudos no Brasil e no mundo atestam a segurança e eficácia do uso medicinal da cannabis, desde que feito com orientação profissional e dentro de protocolos clínicos. Segundo especialistas, o preconceito ainda é o maior entrave para que mais pacientes sejam beneficiados.
O debate está lançado. O que antes era tabu, hoje é esperança. A maconha medicinal não é um milagre, mas para quem vive sob dor e limitações, ela pode representar um novo começo. O desafio agora é ampliar o acesso, garantir políticas públicas justas e colocar o bem-estar do paciente acima do preconceito.
por; Alagoas em Rede