Vaquinha para alpinista que resgatou corpo de brasileira no Monte Rinjani é cancelada
A decisão de cancelar a vaquinha foi tomada após questionamentos sobre a cobrança de uma taxa de 20% pela plataforma responsável

A campanha online para arrecadar fundos em apoio a Agam, alpinista voluntário que ajudou a recuperar o corpo da brasileira Juliana Marins, foi encerrada neste domingo (29/6). Juliana, de 26 anos, morreu após despencar em uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia. A iniciativa solidária havia somado mais de R$ 520 mil, mas será integralmente estornada aos doadores.
A decisão de cancelar a vaquinha foi tomada após questionamentos sobre a cobrança de uma taxa de 20% pela plataforma responsável, a Voaa, vinculada ao projeto Razões para Acreditar. Muitos internautas demonstraram indignação com o percentual descontado, ainda que, segundo a organização, essa informação estivesse clara desde o início da arrecadação.
“A taxa de 20% praticada pela Voaa é resultado de um modelo de operação único, que vai muito além de simplesmente disponibilizar uma plataforma para arrecadação. […] Informamos que a devolução dos valores será feita diretamente pelos meios de pagamento originais nesta segunda-feira, dia 30 de junho, automaticamente, sem necessidade de ações adicionais por parte dos doadores e respeitando os prazos de cada meio”, comunicaram as instituições.
O dinheiro seria destinado a Agam e aos outros sete voluntários que se arriscaram descendo quase 600 metros de penhasco para chegar até o corpo de Juliana, enfrentando condições climáticas adversas e a escassez de alimentos. Em meio ao resgate, Agam dividiu até mesmo o último chocolate que tinha com os companheiros de equipe, improvisando abrigo durante a noite.
Em um momento especialmente dramático, Agam passou horas ao lado do corpo de Juliana, preso a uma rocha, sustentado apenas por uma corda. “Na hora que desci, sabia que talvez não tivesse volta. Mas ela não podia ficar lá sozinha”, relatou ele, que acabou ferindo a perna durante a missão.
Enquanto isso, o pai de Juliana, Manoel Marins, responsabilizou a administração do parque nacional pela morte da filha. Ele criticou duramente o protocolo adotado pelas autoridades locais logo após o acidente, afirmando que a Defesa Civil da Indonésia deveria ter sido acionada imediatamente para garantir o resgate em tempo hábil.
Segundo Manoel, o guia que acompanhava Juliana abandonou a jovem por alguns minutos para fumar, o que teria sido decisivo para a tragédia. “O guia nos disse que ele se afastou por 5 a 10 minutos para fumar. Depois desse tempo, ele voltou e não encontrou Juliana. Isso foi por volta das 4h. Quando ele avistou Juliana, eram 6h08. Ele fez um vídeo e mandou para o chefe dele. Aí ele manda um recado para o chefe dele, que aciona o parque que, ao invés de acionar a Defesa Civil, aciona essa primeira brigada de primeiros socorros”, detalhou Manoel.
O pai lamentou que a brigada inicial não tivesse preparo nem equipamentos adequados para socorrer sua filha. Quando finalmente a Defesa Civil foi chamada, Juliana já havia caído centenas de metros dentro da cratera do vulcão. “Ele [coordenador do parque] demorou a acionar a Defesa Civil. Em momento algum, reconheceu o erro. Em momento algum pediram perdão para nós”, disse Manoel emocionado. Ele também revelou que o guia admitiu não ter certificação para conduzir turistas em trilhas do local.